EEPLA

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domingo, 25 de março de 2012

O que é necessário para se fazer uma boa escola?

A resposta poderia ser bem simples: um ambiente que ofereça ao aluno um lugar de aprendizagem e descobertas. Um lugar em que os valores mais nobres da sociedade sejam transmitidos de modo crítico para que o educando possa se tornar um ser atuante e transformador da realidade em que vive. Obviamente que tudo isso com a orientação de profissionais capacitados e comprometidos com as transformações que tragam benefícios.

Mas essa mesma pergunta poderia ser formulada para qualquer instituição social, pois todos sabem o que é preciso para se fazer uma sociedade mais justa, no entanto, por uma questão de temática, ficaremos com a escola.

Se todos sabem o que se deve fazer, por que a escola continua a ser vista como um lugar tedioso? Um espaço que, em vez favorecer a pesquisa, a descoberta, é centro de desânimo, de enfado, de sonolência?

Há muito que se pensar sobre isso: primeiro não é difícil observar que nossas escolas primam pela padronização sem observar as sutis diferenças entre os alunos. Segundo nosso método de ensino continua, mesmo com toda a tecnologia, o da memorização de informações. A nossa forma de ensinar ainda é fortemente caracterizada pela intolerância, pela despersonalização do aluno e, principalmente, como mencionado, pela memorização de informações, sem nenhuma reflexão crítica do que está sendo assimilado. É célebre o índice de repetência ou de alunos que são aprovados sem o domínio devido do conteúdo. Isso ocorre como resposta ao modelo de exclusão que esse sistema cria, fazendo com que o educando perca o interesse pela escola, por não perceber nela o ambiente ideal para suas pesquisas e descobertas.

Por fim, é ingenuidade achar que a sociedade é reflexo da decadência da escola. Há quem pense que a sociedade está decadente porque a escola perdeu o rumo e não consegue mais formar cidadãos suficientemente capazes de conduzir a realidade de forma ética e justa.

Não é a escola que faz a sociedade, o movimento é o contrário: é a sociedade que faz a escola. De fato, a escola está decadente porque a sociedade está decadente. Por isso, mesmo sabendo o que devemos fazer para melhorar todas as instituições sociais, não conseguimos.

O paradoxo de tudo isso é que só poderemos mudar a sociedade através da educação. Mesmo a escola apresentando todas as dificuldades citadas e, essas dificuldades serem consequências de tudo que somos, como seres sociais, não existe outra instituição social que possa gerar transformações que venham trazer reflexos no seio social que não seja a escola. Dessa forma, a escola é um paciente que não tem outra saída se não encontrar a cura para o que lhe aflige e por extensão toda a sociedade.

Será que as novas tecnologias aplicadas nas escolas são o caminho para minimizar esse desafio? Não se pode negar a importância dessas novas tecnologias. É extremamente temerário não condicioná-las ao cotidiano das escolas. A questão não é de tecnologia, é de metodologia. É inútil utilizar recursos tão sofisticados para perpetuar métodos arcaicos de lecionar. Não faz diferença se a transmissão do conhecimento de dá com a lousa ou com um computador se essa transmissão não for transformadora, não for libertadora. Não há diferença se essa transmissão continuar despersonalizando e excluindo o educando do seu papel crítico e atuante como agente catalisador de transformações sociais.

João Andrade